Shows de Roger Waters na Polônia são cancelados após controversa carta à Ucrânia


A lenda do rock britânico e os shows planejados do co-fundador do Pink Floyd Roger Waters na Polônia marcados para abril foram cancelados em meio a uma reação à posição do músico sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia.

A Live Nation Poland, promotora do concerto, confirmou o cancelamento no sábado (24), mas não especificou o motivo.

O cancelamento ocorre depois que Waters, 79 anos, publicou uma controversa carta aberta em seu site no início de setembro para a primeira-dama ucraniana Olena Zelenska.

Na carta, Waters escreveu que se opunha ao envio de armas do Ocidente para a Ucrânia para ajudar o país em apuros em sua guerra contra a invasão da Rússia.

Waters também acusou o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky de voltar atrás em suas promessas de campanha eleitoral de 2019 e disse, sem oferecer provas, que “as forças do nacionalismo extremo que espreitavam, malévolas, nas sombras, desde então governaram a Ucrânia”.

Waters acusou esses “nacionalistas extremistas” de colocar a Ucrânia no caminho da guerra com a Rússia ao cruzar uma “série de linhas vermelhas” estabelecidas pelo Kremlin.

Neste domingo (25), Waters negou ter cancelado os shows. Os shows foram planejados para acontecer em Cracóvia como parte de sua turnê internacional.

Em uma declaração no Facebook endereçada aos jornais britânico The Guardian e Gazeta Krakowska da Polônia, Waters negou que ele ou seu empresário tenham cancelado os shows na Polônia.

O músico apontou a culpa para Lukasz Wantuch, um vereador de Cracóvia que escreveu seu próprio post no Facebook em 10 de setembro se opondo aos shows de Waters.

“É verdade que um vereador de Cracóvia, o senhor Łukasz Wantuch, ameaçou realizar uma reunião pedindo ao conselho que me declarasse ‘Persona non grata’ por causa de meus esforços públicos para encorajar todos os envolvidos na desastrosa guerra na Ucrânia, especialmente os governos dos EUA e da Rússia, para trabalhar por uma paz negociada, em vez de escalar as coisas para um fim amargo que poderia ser uma guerra nuclear e o fim de toda a vida neste planeta”, escreveu Waters no Facebook.

“Apesar de este sujeito Łukasz Wantuch parecer não saber nada da minha história de trabalho, toda a minha vida, a algum custo pessoal, a serviço dos direitos humanos, ele, em um artigo em um jornal local, exortou o bom povo de Cracóvia a não comprar ingressos para o meu show”, acrescentou Waters.

Ele continuou dizendo que se Wantuch “alcançar seu objetivo… será uma perda triste para mim” e também para os moradores de Cracóvia.

“Sua censura draconiana do meu trabalho vai negar a eles a oportunidade de se decidirem”, concluiu Waters.

O post de Wantuch expressou sua oposição ao show de Waters, chamando o músico de “um defensor aberto de Putin” e suas apresentações planejadas em Cracóvia “uma vergonha para nossa cidade”.

“Roger Waters, um defensor aberto de Putin, quer se apresentar na Tauron Arena em Cracóvia”, escreveu Wantuch. “Na quarta-feira, temos uma sessão da Câmara Municipal de Cracóvia e falarei com o presidente e os vereadores para bloquear isso. Um evento desses seria uma vergonha para nossa cidade. Deixe-o cantar em Moscou.”

Wantuch respondeu à declaração de Waters no domingo escrevendo que ele ainda estava na Ucrânia, mas “faria uma oferta” por Waters à noite.

No início deste ano, o Pink Floyd lançou sua primeira música nova em 28 anos, um single chamado “Hey Hey Rise Up” para arrecadar fundos para ajuda humanitária na Ucrânia. Waters, que saiu da banda em 1984, não contribuiu para a música.

Cerca de 6.000 civis foram confirmados mortos na Ucrânia desde o início da invasão da Rússia, diz a ONU.

*Sarah Diab e Claudia Rebaza, da CNN, contribuíram para essa reportagem.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Shows de Roger Waters na Polônia são cancelados após controversa carta à Ucrânia no site CNN Brasil.