Salles e Janones são separados por seguranças na plateia de debate da Band


O deputado federal André Janones (Avante-MG), apoiador do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL), trocaram ofensas na noite deste domingo (28) nos bastidores durante o início do debate da Band entre os candidatos a presidente.

A confusão começou quando Lula falou sobre a queda do desmatamento em seu governo e Salles se manifestou sobre essa fala, seguido de uma reação de Janones.

Ambos trocaram xingamentos e foram separados por seguranças. Após os ataques, ambos retornaram para seus respectivos assentos e continuaram a assistir ao debate no local.

Bolsonaro critica jornalista e provoca reação de adversários

Em uma das perguntas do segundo bloco do debate, o presidente Bolsonaro criticou a jornalista Vera Magalhães, da TV Cultura, após ser escolhido por ela para comentar uma pergunta sobre cobertura vacinal no Brasil.

Candidatos à Presidência participam do 1º debate eleitoral
Candidatos à Presidência participam do 1º debate eleitoral / André Ribeiro/Futura Press/Estadão Conteúdo

“Vera, não podia esperar outra coisa de você. Acho que você dorme pensando em mim. Você tem alguma paixão por mim. Você não pode tomar partido em um debate como esse, fazer acusações mentirosas ao meu respeito. Você é uma vergonha para o jornalismo brasileiro”, declarou o candidato à reeleição.

A declaração de Bolsonaro despertou reação de Ciro Gomes (PDT) e, então, o presidente rebateu dizendo que não havia pedido a opinião do adversário. A candidata Simone Tebet (MDB) também reagiu, mas não foi possível identificar o que os outros presidenciáveis disseram, já que era a vez de Bolsonaro falar.

O presidente também fez crítica a Tebet. “A senhora falou uma frase lá na CPI: ‘não é porque houve malversação de dinheiro público que devemos investigar’. A senhora foi conivente com a corrupção na CPI. Não achou nada contra mim. A senhora é uma vergonha no Senado Federal. E não estou atacando as mulheres, não. Não venha com essa historinha de atacar mulheres, de se vitimizar”, disse Bolsonaro.

Tebet pediu direito de resposta, mas, ao final da participação do presidente, o mediador do debate informou que o pedido não foi aceito, em meio a manifestações de assessores dos candidatos presentes no estúdio.

“Ainda vamos conversar”, diz Lula a Ciro, que chama ex-presidente de “encantador de serpentes”

Durante o segundo bloco do debate, o ex-presidente Lula foi questionado sobre as chances de uma aproximação maior dos partidos de esquerda e uma possível conciliação com Ciro Gomes (PDT). O petista disse que espera que o pedetista “sente para conversar e costurar essa aliança”.

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante debate na Band
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante debate na Band / André Ribeiro/Futura Press/Estadão Conteúdo

“Eu falo sempre do Ciro Gomes uma coisa: eu tenho muito respeito pelo Ciro Gomes. Sou grato a ele, que esteve no governo comigo de 2003 a 2006. Mas o Ciro, neste instante, não está conosco e lançou candidatura própria. Eu estou construindo uma aliança com dez partidos políticos, todos de esquerda e progressistas e vamos ver se ainda conseguimos atrair o PDT para participar conosco do governo”, disse Lula.

“Tem três pessoas no Brasil que eu trato com deferência: Mário Covas, [Roberto] Requião e Ciro Gomes. Eles podem até falar mal de mim, que eu não levo em conta, porque eu sei que eles têm o coração mais mole que a língua. Então, é o seguinte: eu espero que, nestas eleições, o Ciro não vá para Paris, que fique, e a gente sente para conversar e costurar essa aliança política que ele sabe que vai ser construída”, acrescentou o petista.

Em resposta, Ciro disse que Lula é um “encantador de serpentes” e que ele acabou “se corrompendo” ao longo do tempo. “O Lula é um encantador de serpentes. Vai na emoção das pessoas, cativa. Nós temos uma relação bastante antiga, e ele quer sempre trazer para o lado pessoal, mas não é pessoal”, afirmou o pedetista.

“Eu atribuo ao Lula a contradição econômica, a contradição moral dele e do PT: o Bolsonaro. Eu não acho que o Bolsonaro desceu de Marte, com essas contradições todas. A razão do meu distanciamento é que, infelizmente, o Lula se deixou corromper, está com Geddel Vieira Lima, Renan Calheiros, Eunício Oliveira”, completou Ciro.

Bolsonaro fala em manter Auxílio Brasil; Lula diz que orçamento enviado pelo presidente não prevê recursos

No segundo bloco do debate, o presidente Bolsonaro foi questionado sobre a manutenção do auxílio de R$ 600 para famílias na linha da pobreza. O candidato à reeleição afirmou que os recursos só são possíveis “não roubando o povo brasileiro”.

Jair Bolsonaro (PL) durante debate na Band
Jair Bolsonaro (PL) durante debate na Band / André Ribeiro/Futura Press/Estadão Conteúdo

“Tenho conversado com a equipe econômica dentro da responsabilidade fiscal. Quando passamos para R$ 400, ninguém acreditava, e nós renegociamos os precatórios, contra o voto do PT, porque, quanto pior tiver o povo, melhor é para eles fazerem política em cima disso. Como eu consegui recursos? Não roubando, não metendo a mão no bolso do brasileiro”, disse.

O ex-presidente Lula, selecionado para comentar a resposta, disse que a manutenção não está na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2023 e afirmou que Bolsonaro “adora citar números absurdos”.

“É importante lembrar que a manutenção do auxílio de R$ 600 não está na LDO mandada ao Congresso. Ou seja, há uma mentira no ar”, declarou o candidato petista. “O candidato [Bolsonaro] adora citar números absurdos que nem ele acredita”, acrescentou.

Ciro questiona Bolsonaro sobre fome; presidente fala em “números exagerados”

No primeiro bloco do debate, o candidato Ciro Gomes (PDT) questionou o presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), sobre os números da fome no Brasil. Na sexta-feira (26), durante participação em um podcast, Bolsonaro havia afirmado que “ninguém no Brasil passa fome”.

Ciro Gomes (PDT) no debate da Band
Ciro Gomes (PDT) no debate da Band / Suamy Beydoun/Agif/Estadão Conteúdo

Ciro questionou: “O senhor não acha que isso pode ser interpretado como conivência?” Bolsonaro, então, respondeu que os “números são exagerados” e criticou a “política do fica em casa” que o presidente atribui a governadores que adotaram medidas de restrição durante a fase mais aguda da pandemia de Covid-19.

“Cada um interpreta as informações como acha melhor. E a inflação? Tem que se falar da política do ‘fica em casa, a economia a gente vê depois’. Agora, mesmo assim, a  inflação do Brasil é uma das menores do mundo, menor até do que a do Estados Unidos. Nós estamos colaborando com a geração de empregos. O nosso PIB está crescendo e nós fizemos milagres durante a pandemia”, acrescentou o presidente.

“Lamentamos a morte, mas investimos para que empregos não fossem excluídos. Atendemos os mais necessitados. O número de pessoas na extrema pobreza aumentou, e o Brasil diminuiu. E, no meu governo, alguns passam fome, sim, não nesse número exagerado aí. Querer fazer demagogia com números fica complicado. Aí, é inadmissível”, respondeu Bolsonaro.

Bolsonaro diz que governo Lula foi o mais corrupto; petista defende inclusão social

O candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), disse neste domingo, durante o debate presidencial organizado pela TV Bandeirantes, que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi o “mais corrupto da história do Brasil”. A foi dita no primeiro bloco do debate, em que os candidatos perguntam uns aos outros.

“Segundo o [ex-ministro Antônio] Palocci, tudo no seu governo foi aparelhado, exceto o Banco Central. Então, se todo mundo fazia mal feito: roubava, desviava, só o ex-presidente não sabia?”, questionou Bolsonaro. “O seu governo foi marcado pela cleptocracia, ou seja, um governo à base de roubo, e essa roubalheira era pra conseguir apoio dentro do Parlamento. O seu governo foi o governo mais corrupto da história do Brasil”, acrescentou.

Lula, em resposta, afirmou que o governo dele foi marcado pela “maior política de inclusão social” e citou investimentos em educação e programas sociais.

“O presidente deveria estar informado que foi no nosso o governo que a Petrobrás ganhou o tamanho que ganhou, com a capitalização de R$ 70 bilhões para crescer. O presidente precisava saber que o meu governo foi marcado pela maior política de inclusão social, pela maior geração de emprego, pelo maior aumento de salário mínimo, pelo maior investimento na agricultura familiar, pelo maior investimento na Lei Geral da Pequena Empresa”, disse o ex-presidente.

“O nosso governo foi o que mais fez investimentos na educação, foram 18 universidades federais novas, 178 campus e 422 escolas técnicas que fez uma revolução neste país. O meu governo deveria ser conhecido exatamente por isso, porque, quando eu cheguei na Presidência, a gente tinha 3,5 milhões de estudantes na universidade e, quando eu saí, tinha 8,5 milhões de pessoas na universidade. É exatamente isso a marca do meu governo”, acrescentou Lula.

“Esse é o país que o atual presidente está destruindo. O país que eu deixei é o país que o povo tem saudade, é o país em que o povo tinha o direito de viver dignamente de cabeça erguida”, completou o petista.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Salles e Janones são separados por seguranças na plateia de debate da Band no site CNN Brasil.