Com quatro prêmios, “Marte Um” é destaque no 50º Festival de Cinema de Gramado


Com quatro estatuetas, o grande destaque do 50º Festival de Cinema de Gramado é “Marte Um”, do diretor mineiro Gabriel Martins.

O filme, que recebeu o prêmio de melhor longa do júri popular, também ganhou como melhor roteiro, trilha sonora e prêmio especial. O filme perdeu, no entanto, o principal trófeu da noite, “melhor filme da crítica”, para “Noites Alienígenas”, de Sérgio de Carvalho, que também levou quatro estatuetas, incluindo melhor ator e melhor ator e atriz coadjuvante.

A entrega dos prêmios aconteceu na noite deste sábado (20), no Palácio dos Festivais de Gramado, no Rio Grande do Sul.

Confira os vencedores da categoria “longas brasileiros”:

  • Melhor longa (júri da crítica): “Noites alienígenas”, de Sérgio de Carvalho
  • Melhor longa (júri popular): “Marte um”, de Gabriel Martins
  • Melhor ator: Gabriel Knoxx, “Noites alienígenas”
  • Melhor atriz: Marcélia Cartaxo, “A mãe”
  • Menção honrosa: Adanilo, “Noites alienígenas”
  • Prêmio especial: “Marte um”, de Gabriel Martins
  • Melhor direção: Cristiano Burlan, “A mãe”
  • Melhor ator coadjuvante: Chico Diaz, “Noites alienígenas”
  • Melhor atriz coadjuvante: Joana Gatis, “Noites alienígenas”
  • Melhor fotografia: Rui Poças, “Tinnitus”
  • Melhor roteiro: Gabriel Martins, “Marte um”
  • Melhor montagem: Eduardo Serrano, “Tinnitus”
  • Melhor direção de arte: Carol Ozzi, “Tinnitus”
  • Melhor trilha musical: Daniel Simitan, “Marte um”
  • Melhor desenho de som: Ricardo Zollmer, “A mãe”

“Marte Um”, com quatro kikitos, nos convida a sonhar

A ideia de “Marte Um”, produzido pela Filmes de Plástico, co-produzido pelo Canal Brasil, e distribuído pela Embaúba Filmes, na verdade, começou há alguns anos.

Foi um filme que nasceu por volta de 2014, por causa da Copa do Mundo”, conta Gabriel, em entrevista exclusiva à CNN. “Eu tive uma imagem na minha cabeça de um menino negro jogando bola, num campo de várzea, olhando para o espaço”

E a imagem na cabeça de Gabriel se materializou no personagem Deivid, interpretado pelo ator Cícero Lucas: o caçula de uma família de classe média negra quer ser astrofísico e participar da missão “Marte Um”, que promete colonizar o planeta vermelho em 2030.

A vida de Deivid e de sua família é atravessada pelas tensões e pelos acontecimentos políticos e sociais do Brasil de 2018. No entanto, é a partir do afeto que a história dos personagens, em uma trama que mistura drama, comédia e até mesmo ficção científica, é delicadamente retratada.

Marte Um não é esse filme que vai ficar te apertando o todo para falar de raça, de política, de afirmação. Ele vai te pegar por um outro aspecto, ele vai te pegar através da emoção, para te fazer entender como ter empatia com a situação do outro.

Gabriel Martins, diretor e roteirista de Marte Um

O longa teve sua estreia mundial no Festival de Sundance em janeiro deste ano, e a partir daí ganhou o mundo – e a crítica. Em Gramado, foi exibido em 17 de agosto e foi aplaudido de pé pelo público do festival, se tornando um dos franco favoritos da premiação. Um feito que a produtora independente de Minas Gerais jamais poderia prever.

A produtora da qual faço parte é uma produtora que nasceu na periferia de Contagem, muito pequenininha e que muitas vezes não tem a estrutura que várias outras produtoras do Brasil têm”, pontua Gabriel. “Quando a gente chega em Gramado e tem essa recepção, a gente vai para o Festival de Gramado com 18 pessoas da equipe entre a equipe elenco, né? Vai um bonde de Belo Horizonte para poder vencer”.

O Cícero, esse garoto que estava com 12 anos quando a gente fez o filme e hoje já é um adolescente, nunca tinha ido a um festival de cinema. Então Gramado é o primeiro festival de cinema que ele vai, ele que é um menino negro, de favela. E ele é aplaudido de pé por uma sala de cinema. É uma coisa muito importante. E viver isso com ‘Marte Um’, que é um filme que representa talvez uma nova ideia possível, é incrível, é um reconhecimento do trabalho de todo mundo e uma forma de a gente se comunicar de maneira mais ampla.

Gabriel Martins, diretor e roteirista de Marte Um

Elenco de Marte Um no 50º Festival de Cinema de Gramado / Edison Vara/Agência Pressphoto

Seja pela trama, seja pela trajetória que o longa e a equipe por trás dele tenham vivido, “Marte Um” nos prova que sonhar, por mais impossíveis que esses sonhos possam parecer, pode transformar realidades. É a partir de sonhos e desejos que a família protagonista do longa se entende e enfrenta as dificuldades que aparecem pelo caminho.

Quando a gente projeta as nossas ações lá para frente, isso vai virando uma espécie de combustível para você poder ir desviando dos obstáculos e superando para que mesmo que não você não chegue exatamente no sonho, que você vá vivendo e pelo menos sendo feliz”, conclui Gabriel Martins.

“Marte Um” estreia nos cinemas brasileiros em 25 de agosto.

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