Setor têxtil relata dificuldades para obter matéria-prima para produção


Cerca de 65% dos produtores de têxtil, confecção, fornecedores ou tecelagem do Brasil relatam alguma dificuldade no abastecimento de insumos e matérias-primas como tecidos, fibras artificiais e sintéticas, ou algodão.

De acordo com o levantamento realizado pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), o setor tem sofrido pressões no custo de produção por conta da logística, transporte e aumento dos preços internacionais.

Pelo menos 19% dos fabricantes perceberam uma variação de 21% a 30% nos preços das matérias-primas nos últimos 12 meses. Além da alta do custo para produzir, alguns dos entrevistados afirmaram que há, inclusive, falta de alguns itens importantes para a confecção.

“Registramos um aumento do algodão que estava fora do nosso radar, de 150% nos últimos dois anos. E ainda tem o frete, que subiu sete vezes desde o início da pandemia”, afirma presidente da Abit, Fernando Pimentel.

 

Na análise do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o vestuário foi o segundo setor que teve o maior aumento nos preços no acumulado dos últimos 12 meses, ficando atrás apenas do grupo de transporte.

A última variação mensal do IPCA apontou que as roupas tiveram alta de 1,97%, com destaque para os agasalhos, que superaram os 3%. Apenas peças íntimas registraram retração.

Desde o início do ano, o subgrupo já acumulou mais de 10% de alta. Na análise acumulada dos últimos 12 meses, o aumento das roupas é de 18,33%.

Para Pimentel não há risco de desabastecimento de produtos, o que tem sido constatado é apenas um alongamento dos prazos de reposição. No entanto, segundo ele, o custo ainda não chegou integralmente nas lojas e tem sido parcialmente absorvido pelos empresários.

“Não tem como repassar tudo porque se não o mercado não gira. E o produtor pesquisa, procura as melhores opções. Parte a gente repassa, mas não é tudo”, ressalta.

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