Em vídeo, esposa de “Faraó dos Bitcoins” chora e diz que vive injustiça


Em um vídeo publicado no YouTube na última segunda-feira (4), a esposa de Glaidson Acácio –conhecido como “Faraó dos Bitcoins”– Mirelis Yoseline Diaz Zerpa, de 38 anos, afirmou estar vivendo “uma injustiça que nunca imaginou que viveria”.

Glaidson foi preso em 25 de agosto de 2021, em decorrência da operação Kryptos, deflagrada pela Polícia Federal (PF). O empresário é acusado de chefiar um esquema de pirâmide que movimentava bilhões de reais por meio de uma consultoria de bitcoins que atuava no município de Cabo Frio, no Rio de Janeiro.

Em tom de desabafo, durante quase 28 minutos, Mirelis se apresenta, mas comenta pouco sobre o caso, afirmando apenas que tem “lutado todos esses meses desde aquele 25 de agosto quando recebi a notícia, às 7 horas da manhã”.

Na maior parte do vídeo, a mulher lê trechos do início de um livro que está escrevendo sobre sua história. Usando moletom, cabelo preso e em um fundo neutro, ela ressalta que não está acostumada com gravações e que não tinha pretensões de se tornar uma figura pública.

“Sou uma pessoa que não gostar de expor a vida em uma rede social, mostrando onde estou. Se estou em Luxemburgo, em uma casa luxuosa, ou estou em Burundi, em uma casa de lata”, afirma.

Falando em espanhol, sua língua nativa, Mirelis não revela sua localização, mas afirma estar sozinha. “Neste momento, eu me encontro aqui, em um lugar, sozinha.”

No mesmo dia que Glaidson foi preso, a PF apreendeu R$ 150 milhões em criptoativos, cumprindo 15 mandados de busca e apreensão. Também foram apreendidos cerca de R$ 19 milhões em espécie, além de 21 veículos de luxo, relógios de alto padrão, joias, valores em moeda estrangeira e documentos.

O vídeo de Mirelis é a primeira publicação de seu canal, criado no mesmo dia da postagem. O relato acumula mais de 22 mil visualizações até o momento. Segundo a mulher, mais conteúdos devem ser lançados.

“Faraó dos Bitcoins”

O apelido de Glaidson Acácio deriva do império relacionado a sua empresa, G.A.S consultoria, cujos movimentações financeiras estariam na casa dos bilhões de reais. Segundo as investigações, a promessa da organização era de um retorno de até 15% do valor investido pelos clientes.

Quando foi preso, Glaidson estava em uma mansão na Barra da Tijuca, Zona Oeste da capital do Rio de Janeiro. A operação Kryptos expediu nove mandados de prisão, dos quais cinco foram cumpridos em 25 de agosto, incluindo a prisão do marido de Mirelis.

Agentes da PF cumpriram mandados em condomínio de luxo no dia 25 / Isabelle Saleme / CNN Brasil

A proposta da empresa seria semelhante ao que faz um fundo de investimento, no qual o adquirente investe uma quantia e recebe rendimentos. No entanto, de acordo com a Receita Federal, quando se trata de um mercado volátil, como o dos criptoativos, não é possível assegurar uma rentabilidade fixa.

Isso significa que a promessa de rendimentos fixos aos clientes torna o negócio um esquema de pirâmide, cujo lucro virá dos aportes dos novos clientes e não da própria natureza lucrativa das operações.

A pirâmide financeira constitui prática ilícita punível pelo Código Penal. E, por ser crime, leva ao enriquecimento ilícito de seus mentores.

Em setembro, a Justiça negou habeas corpus a Glaidson.

 

*Com informações de Cleber Rodrigues, Rafaela Lara, Stéfano Salles e Thayana Araújo, da CNN

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