CNN Brasil participa de intercâmbio nos Estados Unidos com jornalistas negros


Desembarquei neste sábado (11) com um grupo de jornalistas negros, em Washington, para participar do Programa de Liderança para Visitantes Internacionais (IVLP), o principal programa de intercâmbio profissional do Departamento de Estado dos EUA que reúne líderes estrangeiros atuais e emergentes de diversas áreas.

Em comum, a cor da pele e algumas adversidades sociais e no mercado de trabalho. Ao mesmo tempo, pessoas que carregam suas peculiaridades e têm muito a compartilhar sobre o combate ao racismo. Sou a única analista de política e também representante de Brasília, há ainda profissionais de São Paulo, Bahia, Minas Gerais, Ceará, Amazonas, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Maranhão – sendo este último o Raimundo, um jovem quilombola.

Ao longo de duas semanas, estarei com jornalistas americanos negros, autoridades do governo de Joe Biden e acadêmicos. Vou trazer alguns relatos sobre essa jornada de palestras e visitas a prédios públicos sobre o empoderamento do negro no mundo.

As primeiras horas já foram marcantes. No aeroporto, ainda em Guarulhos, São Paulo, algumas pessoas negras nos pararam para falar do nada e, voluntariamente, se apresentar. A imagem de um grupo formado somente por negros facilmente se diferenciava entre tantos passageiros em que a cor branca predomina.

Luís, de 18 anos, estava chegando para o trabalho no aeroporto, quando abordou algumas pessoas do grupo para saber por que estávamos ali. Ele ficou impressionado com o roteiro e objetivo da nossa viagem e tratou de falar um pouco sobre ele, disse que era seu primeiro emprego, e que estava se esforçando para não perdê-lo. Orientou o jeito mais fácil de chegarmos ao terminal 3 e passou a nos seguir no Instagram para saber mais.

Já lá dentro, uma jovem negra de cabelos trançados sentou perto da gente. Parecia até ser do grupo, ficamos em dúvida, já que praticamente todo mundo estava se conhecendo ali no terminal do aeroporto. Ao ver nosso grupo formado somente por negros, sentou-se perto, depois mais perto ainda, até que começamos a conversar.

Ela realmente era muito parecida com a gente. Mas Maria Luísa é jogadora de vôlei, no Alabama, e estava à espera do mesmo voo. Parecia ímã, assim como Luís, o jovem que trabalha no aeroporto, Maria queria ficar perto. Este magnetismo é o real sentido de identidade. É como se todos conhecessem um ao outro, e pudessem compreender que não foi fácil chegar onde chegou.

Aqui, nos Estados Unidos, chegamos em meio a manifestações pelo orgulho gay e também protestos antirraciais. Estamos a algumas quadras do National Museum of African American History, o único museu nacional exclusivamente dedicado à documentação da vida, história e cultura afro-americana. Nada é por acaso. Vou entender mais sobre identidade e ancestralidade passando por lá neste domingo (12).

* Basília Rodrigues viajou a convite da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil

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