O clássico e o moderno de Santiago, no Chile, destino ideal para visitar no frio


Santiago do Chile é uma das capitais mais interessantes de toda a América do Sul. Grande, organizada, simpática e moderna são apenas alguns dos predicados que ela carrega – além de ser a maior cidade de todo o país, com uma população que ultrapassa os seis milhões de habitantes.

Relativamente próxima do Brasil, Santiago continua sendo uma boa escapada para nós brasileiros ao longo do ano. Mas é no outono e no inverno – que segue até setembro -, que a capital chilena ganha contornos mais especiais devido ao friozinho, com temperaturas que variam dos 3°C aos 18°C.

Circundada pela Cordilheira dos Andes – da janela do avião já nos impressionamos com o tamanho do conjunto de montanhas e seus picos nevados -, Santiago tem lindas paisagens e ainda combina os aromas da história com seus vinhos mundialmente conhecidos.

Com voos diretos das principais capitais do Brasil, como São Paulo, Rio de Janeiro, Florianópolis, Brasília, entre outras, em poucas horas chega-se a esse visado destino por meio de pelo menos três grandes companhias aéreas.

Assim, a capital do Chile é ideal para uma viagem que pode ser mais curta nas férias de julho ou  durante um feriado prolongado.

Somando seus atributos, a cidade ainda nos oferece bons vinhos, boas comidas e ótimos passeios culturais.

Mas o que fazer em Santiago? Recentemente, enquanto gravava a nova temporada do CNN Viagem & Gastronomia, pude estipular um roteiro com um bom balanço entre o clássico e o que foge um pouco da curva.

Ou seja, a visita à famosa Plaza de Armas, por exemplo, é mais do que bem-vinda e pode ser feita também num roteiro que encaixa o alternativo Franklin, bairro comercial que carrega uma forte identidade cultural e histórica. Coloque no meio disso vinhos e comidas em casas renomadas, e voilà, temos uma viagem completa!

O clássico

Plaza de Armas

Uma das primeiras paradas para conhecer Santiago de fato é na Plaza de Armas, marco zero da cidade e coração da capital. Aqui, residem alguns dos principais símbolos arquitetônicos e históricos que datam da era colonial, como o Correo Central, a Prefeitura e a Catedral Metropolitana.

Esta última, inclusive, é a principal igreja de todo o Chile e data do século 18, e possui um estilo neoclássico. Seu interior alongado é digno de ser visitado, com tetos adornados que brilham os olhos.

O Museo Postal, em funcionamento desde 1949, e o Museo Histórico Nacional, que tem diversas coleções temáticas que contam a história do país, também estão aqui e possuem entrada gratuita. Apresentações regionais costumam acontecer pela praça, que é um bom ponto para quem quer mergulhar na cultura e na história local.

Palácio de la Moneda

Palácio de la Moneda é uma das principais construções do Chile e palco de manifestações populares / Wikimedia Commons

Construída a partir do final do século 18, a imponente construção no estilo neoclássico é hoje lar da sede da presidência chilena. Um dos pontos turísticos mais conhecidos de todo o Chile, a parada aqui é para admirar o edifício, fazer alguns cliques e presenciar a característica cerimônia de troca da guarda.

Evento cívico tradicional, que ocorre desde meados do século 19, a troca da guarda acontece dia sim dia não às 10h nos dias de semana.

Palco de manifestações populares, a Plaza de la Moneda é marco do golpe de Estado de 1973 – que deixou Pinochet no comando do país – e é possível cruzar o Palácio desde a Plaza de La Constitución para o norte pelo Patio de Los Naranjos.

La Chascona – Casa de Pablo Neruda

Maior poeta chileno e ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 1971, Neruda possuía uma casa em Santiago, que é quase como uma extensão de sua expressão artística.

Próxima ao Cerro San Cristóbal, a casa nasceu como um esconderijo para Matilde Urrutia, seu amor secreto à época, e o nome faz uma alusão aos cabelos da amada.

A casa do ícone chileno abriga objetos usados pelo artista e possui uma decoração singular. Quadros presenteados por importantes pintores, amigos do poeta, acabaram por formar uma valiosa coleção artística – há até arte de Diego Rivera, famoso artista plástico mexicano.

A entrada no La Chascona sai por 7 mil pesos chilenos – cerca de R$40.

O moderno

A zona central de Santiago, seus parques e instituições já são dignos de passeios interessantíssimos pela capital chilena. Mas, caso queira ter um gostinho diferente deste pedacinho da cidade e do país, a parada então se dá no Bairro Franklin.

O local se categoriza como um centro comercial que se espalha pelo Mercado Matadero, antigo matadouro e conhecido por dispor de carnes e produtos variados, até seus murais coloridos que remetem à história local.

Entre restaurantes simples, mercado de pulgas e de antiguidades, destaca-se a Factoría Franklin, prédio antigo do bairro antes de uso fabril que hoje virou um interessante projeto gastronômico com uma variedade de produtores.

Os galpões, que ficam numa instalação industrial de quase 6 mil metros quadrados, foram recuperados e abrigam um espaço com cerca de 20 empresários. Aqui, encontramos de tudo um pouco: há chocolates, cervejas, gins.

Aberto também aos fins de semana, aqui podemos encontrar a Cervejaria Alquimia, o Café Andariego, a delicatessen La Fiambrería, entre outros. Vale a passada numa charcutaria para ver o processo dos embutidos, assim como entrar na Barra de Pickles e beliscar alguma comidinha bem feita, além de apreciar uma destiladora que faz vermut.

Caso esteja procurando um bom café da manhã ou brunch, o lugar é o Demo Franklin, café pequeno e charmoso que fica num dos galpões do local comercial Víctor Manuel, próximo ao mercado Persa Bio Bío – o bairro é basicamente constituído de vários locais comerciais como estes. Tártaro de pepino, tiraditos, peixe frito, batatas fritas, polvo, e mais uma variedade de pratos e alimentos são servidos aqui de forma casual e de pegada moderninha.

Enfim, Franklin é uma descoberta prazerosa, onde um cenário fabril cheio de galpões deu lugar a lojas de antiguidades, livrarias, galerias de arte, cafés, bares e tudo quanto é tipo de coisas para comprar.

Um gostinho da gastronomia

Em meio aos seus passeios históricos e sua rica cultura que mescla elementos coloniais espanhóis e indígenas, é claro que Santiago nos presentearia também com uma gastronomia de dar água na boca.

A começar, a cidade é lar do Boragó, restaurante considerado o melhor do Chile e que ainda configura no 6º lugar entre os melhores da América Latina e no 38º lugar entre os 50 melhores do mundo em 2021, segundo o ranking do The World’s 50 Best. Espere, portanto, por uma verdadeira experiência gastronômica na casa capitaneada pelo chef Rodolfo Guzmán.

O interessante é que o Boragó, que fica no bairro de Vitacura, se diferencia e se destaca nos mínimos aspectos, onde o objetivo é unir a natureza e a cozinha numa bela harmonia. Por aqui, encontramos um menu-degustação batizado de Endêmico, em que o chef trabalha com plantas, flores, frutas e tudo mais que o território do Chile pode oferecer de maneira natural.

Os alimentos são provenientes de solos não intervencionados, coletados de comunidades e de pequenos produtores do país, razão pela qual os pratos podem variar mesmo durante cada refeição – os vegetais, por exemplo, crescem em um local a meia hora do restaurante da maneira mais natural possível.

Acabei me encontrando com o chef para um almoço na cozinha experimental de seu restaurante, momento em que pude ver de perto seu instigante processo de criação que retrata um Chile ancestral. Nas paredes, inclusive, vemos lousas com desenhos, figuras e dizeres que fazem parte deste processo. O resultado? Uma verdadeira arte com comida e sabores inusitados.

Por receber tanto reconhecimento, é importante chegar por aqui já com uma reserva em mãos, que podem ser feitas através do site. Os menus-degustação saem, em média, por R$ 400.

Também em Vitacura, na região metropolitana de Santiago, fica o Demencia Restobar, endereço inaugurado em agosto do ano passado e comandado pelo jovem chef Benjamin Nast – nome por trás também do DePatio, que também figura na lista dos melhores da América Latina, e do asiático DeCalle.

No novo local, que possui um grande terraço com bar e uma placa neon com o nome da casa, podemos provar coquetéis autorais e clássicos que se juntam a uma rica e criativa culinária.

Nos saciamos então com delicinhas como aspargos com hortelã, prensas de papada de porco – dois sanduíches de pão brioche recheados com a papada saborosa – assim como almôndegas à moda da casa e buñuelos de merluza, pedidas boas para serem compartilhadas.

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Também vale a passada no Pulpería Santa Elvira, próximo ao bairro de Victoria, que é uma casinha charmosa que funciona como uma cozinha que ressoa hábitos locais e bairristas. O lugar mantém um espírito das pulperías, pequenas vendinhas em áreas rurais, e é adornado com antiguidades, fotos e móveis de época, além de vender nas prateleiras produtos de moradores do bairro e conservas de empresas locais.

É uma boa dica para um almoço sem pressa recheado de comidas criativas com alimentos naturais de produtores locais, em que a cozinha é chefiada por Javier Avilés Lira.

Escapada para vinícola

Não é novidade que a Concha y Toro é uma das mais famosas produtoras de vinho de todo o mundo. E, quando no Chile, país superprodutor de vinho, é impossível não se sentir seduzida para ir até suas vinícolas e, de quebra, entrar em contato com sua história e parreirais.

Localizado na área rural de Pirque, município na área metropolitana de Santiago, a poucos minutos de carro da capital, a “Vinícolas e Adegas Concha y Toro” é a principal atração enológica de Santiago. Foi neste mesmo local, no coração do Valle del Maipo, que foi fundada a companhia em 1883 por Melchor Concha y Toro.

Falando nele, aqui, além dos passeios tradicionais para conhecer a propriedade e degustar certos rótulos, é possível conhecer a produção do Don Melchor, vinho ícone da empresa que figura entre os melhores do mundo e faz referência ao seu criador.

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Por US$ 180 (cerca de R$ 860), a visita privada chamada de Collector’s Experience de Don Melchor, que tem de ser agendada pelo site, começa com um passeio pelos 22 hectares do jardim da residência de verão do fundador da vinícola. Depois, vemos a histórica adega de guarda que data de meados do século 19, onde o vinho Don Melchor envelhece em barris de carvalho francês.

O passeio também contempla visitas ao imponente e conservado casarão de verão da família, que também data do século 19. Uma das melhores partes é a degustação, quando experimentamos uma seleção de três lotes do terroir de Puente Alto, os quais dão origem a Don Melchor.

Não bastando, temos a oportunidade de degustar a última safra de Don Melchor, e a visita é finalizada na Sala Coleção Don Melchor, onde se encontram todas as safras do vinho desde seu lançamento, em 1987.

Dica hospedagem

Passei excelentes dias no Mandarin Oriental, que abriu no local do antigo Grand Hyatt Las Condes. Situado em um edifício icônico na cidade, passou por uma renovação completa para se tornar o primeiro Mandarin Oriental na América do Sul.

Bem localizado, no coração de Santiago, tem acesso fácil a bares, restaurantes, atrações turísticas e ao Shopping Parque Arauco, logo ao lado. As vistas dos quartos e área comum são deslumbrantes para a Cordilheira dos Andes a leste e para o Morro San Cristobal a oeste, passar algumas horinhas na deslumbrante piscina desfrutando desse visual é revigorante.

A gastronomia agrada a todos, tem desde pratos bem executados italianos até um restaurante especializado na gastronomia nikkei, com ótimos e saborosos itens elaborados pelo chef nipo-peruano Juan Ozaki.

Bônus: Valle Nevado

Valle Nevado é uma das maiores estações de esqui da América Latina / Armando Lobos

Caso deseje esquiar pela primeira vez e se introduzir no mundo dos esportes na neve, o Valle Nevado pode ser uma boa opção. Uma das maiores áreas de esqui da América do Sul, o Valle Nevado fica a apenas 90 minutos da capital Santiago e conta com vista privilegiada para a Cordilheira dos Andes – a 3 mil metros acima do nível do mar – e infraestrutura de lazer para todas as idades.

Aulas de esqui e snowboard, spa, fitness center, bares, pubs e restaurantes de diferentes tipos de culinária são oferecidos no complexo. O Valle Nevado possui três opções de hospedagem, e mantém o padrão em todos. São eles: Tres Puntas, Puerta del Sol e Valle Nevado, com três, quatro e cinco estrelas, respectivamente.


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