O correspondente sênior da CNN Matthew Chance viveu momentos históricos na cobertura da guerra na Ucrânia. Direto de Kiev, ele estava ao vivo quando presenciou as primeiras explosões em território ucraniano do alto de um prédio.
O repórter também registrou para o mundo todo a chegada de tropas russas para tomar um aeroporto próximo à capital ucraniana. E entrevistou, com exclusividade, o presidente Volodymir Zelensky de dentro de um bunker de localização secreta.
Em uma entrevista especial, Matthew Chance relatou ao âncora da CNN Brasil, Márcio Gomes, os bastidores e desafios dessa cobertura.
O correspondente começou falando sobre o clima da população do país atingido pela guerra: “A pobreza causada pelos terríveis bombardeios que têm acontecido nas cidades e vilas em todo o país, o banho de sangue e o sofrimento”.
Segundo eles, o fluxo de civis tentando deixar o país é enorme. “E também os refugiados, as milhões de pessoas que foram deslocadas pelos combates. É desolador ver isso tudo acontecer de novo. Todos nós sabemos qual o impacto dos conflitos na vida das pessoas, como isso destrói as vidas das pessoas” disse.
Entrevista exclusiva com Zelensky
Matthew detalhou os bastidores da entrevista que fez com o presidente ucraniano Volodymir Zelensky e o medo de que um ataque ocorresse durante a conversa.
“Quando eu o entrevistei, ele não tinha feito uma aparição pública fazia um tempo, ele estava publicando declarações nas redes sociais de dentro dos vários bunkers que ele tem na cidade. E há algumas semanas, todos nós pensávamos que Kiev seria atacada e tomada pela força das tropas russas. Isso nunca aconteceu. Se tivesse acontecido, Zelensky sabia que ele era o principal alvo de um ataque russo”, conta.
Para ele, “foi bastante assustador, porque você nunca sabe quando ou onde pode ocorrer um ataque, ou se algo poderia acontecer ali. Então foi uma experiência e tanto”.
Ao vivo no início da guerra
O correspondente sênior da CNN estava ao vivo do alto de um prédio em Kiev quando começaram os primeiros bombardeios na capital ucraniana. Durante sua participação ao vivo, foi possível ouvir as explosões. Ainda no ar, Matthew e sua equipe se vestiram com coletes à prova de balas, para se prevenir de possíveis estilhaços das explosões.
“Quando eu estava no topo daquele hotel em Kiev, e o presidente russo Vladimir Putin fez aquele discurso, declarando o início de uma operação militar especial contra a Ucrânia, em questão de minutos, as bombas começaram a cair. Os ataques de mísseis começaram a acontecer”, relata.
“Dava pra ver na minha expressão o choque, a surpresa, o medo, enquanto eu noticiava as explosões nas redondezas da cidade, e enquanto tentava colocar o colete à prova de balas, porque não sabíamos se os mísseis iam chegar mais perto de onde estávamos”, acrescenta Matthew.
Ataques contra civis
Em entrevista à CNN no dia 23 de março, o porta-voz do governo russo Dmitry Peskov afirmou que a Rússia não estava atacando alvos civis. Em contrapartida, Matthew relembra momentos da cobertura em que se viu diante de muita destruição em áreas residenciais.
“Uma cena de que me lembro bem é a de quando fui para uma pequena cidade ao sul da capital ucraniana. Lá tinha um enorme bairro residencial, que eu visitei e vi com meus próprios olhos as casas, lojas, todo o tipo de infraestrutura civil destruído pelo que parecia ter sido um míssil de cruzeiro, ou bombardeio”, contou.
O correspondente relembrou o momento em que entrou na casa de uma família que foi destruída pelos ataques: “Felizmente naquele momento eles escaparam de ferimentos, ou da morte mesmo. Eu entrei no quarto das crianças, e vi os brinquedos nas prateleiras, as fotos de família penduradas nas paredes e a despensa cheia de alimentos que eles armazenaram para tentar passar por esse terrível período no seu país”.
Para Matthew Chance, em uma cobertura de guerra, os riscos devem ser avaliados minuto a minuto: “É um trabalho arriscado, cobrir um conflito. Nós fazemos isso pela experiência, mas também temos assessores de segurança profissionais conosco na maioria do tempo. Acho que nós tentamos equilibrar a ideia de que temos de correr algum risco porque não dá para cobrir um conflito sem correr nenhum risco, é impossível”.
“A situação como um todo é arriscada em si, mas temos que equilibrar isso com a necessidade editorial de ir a determinado lugar para noticiar um fato. Tentamos minimizar perigos o máximo possível, e espero que a gente continue a acertar na CNN“, concluiu o repórter.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Correspondente de guerra da CNN detalha desafios da cobertura do conflito na Ucrânia no site CNN Brasil.