Enfim, a verdade sobre o 7 x 1


Preciso confessar o porquê de ter esperado mais de um ano, desde que encontrei a Máquina do Tempo, para me rebobinar até aqui, neste dia fatal, trágico, da nossa derrota de 7 x 1 para a Alemanha. Simples: já viajei por várias décadas do Século XX resenhando jogos históricos e sempre encontrando mais incrédulos do que crentes em ser eu, de fato, um “Comentarista do Futuro”, vindo de 2022. Retroceder até 2014 era, na linguagem do turismo, ‘dar um pulinho ali. O problema é que se eu chegasse ano passado, teria que me apresentar como um Viajante do Tempo que partiu “de daqui a sete anos”. E SETE, todo mundo sabe, é conta de mentiroso. Parece mesmo fantasia o que vimos ontem no Mineirão, queridos leitores e leitoras de 2014. Mas constatei minhas suspeitas de que nenhum de nós assistimos realmente a essa partida. Ou ao menos a ela inteira. Lá pelos 20, 25 do primeiro tempo, já 5 x 0 ‘pr’os cara’, entramos todos num estado de hipnose, hibernação, delírio, sei lá… Ontem, pela segunda vez diante do desastre, com o chamado ‘distanciamento emocional’, pude me concentrar em todos os minutos, não, todos os segundos do confronto. E, assim, enxergar detalhes reveladores que, relacionados a fatos do Amanhã que só eu tenho conhecimento, me fazem chegar a uma explicação definitiva sobre a goleada. E tenho sete provas disso.

Assine #PLACAR digital no app por apenas R$ 6,90/mês. Não perca!

  • Teorias da Conspiração

Antes de seguir minha explanação sobre as evidências colhidas no ‘local do crime’, preciso registrar: jamais houve e nem haverá uma Copa do Mundo sem que ao final surja uma maquiavélica versão sobre os motivos que levaram determinado país a ser ou não campeão. Sim, ‘Teorias da Conspiração’ não são exclusividade das mesas de botequim brasileiras e nem foram inventadas por Santos Dumont. E são tantas e variadas que aposto que a maioria de vocês, queridos leitores e leitoras de 2014, sequer ouviram falar de algumas delas, como a ‘Teoria dos 24 anos’, conhecem? Por alguma Lei Natural dos Gramados, a Alemanha, na fila pelo título desde 1990, tem que ser e será campeã (isso mesmo, podem comemorar, vai dar eles contra os Hermanos, garanto!) porque, em Copas do Mundo, países só podem ser Tetra passados 24 anos do Tri como Brasil (1970 e 1994) e Itália (1982 e 2006). Em 2022, de ‘quando’ venho, estaremos sem país tricampeão no ranking (mas atenção: até lá a França vai se juntar a Argentina e Uruguai no grupo das seleções com duas conquistas), o que nos fará ter que esperar ainda um bocado pra confirmar ou não a veracidade do mito. Mas outras ‘lendas’ dos Mundiais, ao meu alcance, eu pude e fiz questão de investigar.

Uma delas, que vai emergir em breve das ruas, envolve a contusão que tirou o nosso craque Neymar da partida. Segundo o blábláblá, como a goleada já estava ‘negociada’, o camisa 10 teria que ser poupado do vexame e por isso ‘inventaram’ a famosa joelhada ‘colombiana’ em suas costas. Se observarem, na foto que, há poucos dias, registrou sua chegada ao hospital e circula na internet, o jogador está na maca com a cabeça coberta e não se veem tatuagens em seus braços. Para reforçar o mito, dirão que a enfermeira que filmou Neymar na entrada será demitida e seu vídeo apagado da web. Mas como investigar essa tramoia? Indo atrás do craque, claro.

Fui. E o encontrei andando com desenvoltura pelo camarotes do estádio, mesmo com a lesão que, falam os médicos, precisa de pelo menos 6 semanas para ser recuperada. Me aproximei sorrateiramente e, fingindo intimidade, usei o idioma boleiro e mandei um “Fala, parça!”, dando um tapa caprichado nas costas ‘du muleque’. Deu-se então nova pernada violenta, desta vez de um dos seguranças do jogador e nas MINHAS costas.

Detalhe 1: Neymar estava conversando com Ronaldo, ele mesmo, o Fenômeno, protagonista de outra teoria conspiratória, meio parecida, na convulsão de 1998.

Detalhe 2: eternamente será destacada a proeza de a Alemanha ter feito 4 gols em seis minutos. E daí? Ora, 6 x 4?

Neymar se contorce de dor após falta do colombiano Zuñiga no Castelão, em FortalezaMarius Becker/EFE/VEJA
  • Fernandinho, o Zumbi

Individualmente, preciso começar falando desse rapaz, ao qual dediquei boa parte da minha atenção no jogo. Sugiro a todos que engulam em seco e se forcem a assistir o replay da partida, para que possam observá-lo vagando em campo, como um Zumbi. Desconfiando que estaria dopado ou algo assim, aproveitei o intervalo para me aproximar do gramado e gritar nomes que, pesquisei, foram seus apelidos de infância. A reação foi natural: ele ouviu e virou-se à procura dos berros. Sendo assim, o que teria acontecido ao cidadão, que é bom jogador, ao menos nos times da Europa? Pois… ‘alerta de spoiler’: o pior dessa história é que daqui a quatro anos, juro, Fernandinho será convocado novamente e fará um gol contra no jogo em que seremos mais uma vez eliminados. É mole?

Deixei 2022 a poucos meses do Mundial e o treinador do Brasil terá à disposição uma safra singular de atacantes, com cerca de 10 excelentes candidatos a titular no time. Curiosamente, o menos habilidoso deles, Richarlison, dará provas incontestes de que, com a ‘amarelinha’, ele é ‘o cara’. Essas duas sagas confirmam a tese de que existem dois tipos de atletas no futebol: os que SÃO e os que NÃO SÃO jogadores ‘de Seleção’. Fernandinho, definitivamente, não é.

Quais eram os apelidos dele quando criança? Deixa pra lá…

  • Júlio César, o ‘imbuído’

As câmeras de TV não registraram, mas avistei na arquibancada um torcedor mineiro que segurava um cartaz com os seguintes dizeres: “Força, Júlio César! Eu e Barbosa estamos com você!”. Ora, o citado Barbosa, como se sabe, era o goleiro do Brasil no ‘Maracanazo‘ de 1950 e, num misto de racismo e maldade, foi crucificado e apontado como culpado da derrota por toda a vida. Isso sem cometer sequer uma falha no jogo. Pois bem, não fui o único a notar a mensagem. Júlio César, pude observar no aquecimento, também viu. E, agora vocês sabem, se imbuiu da missão.

Nosso goleiro nunca foi de ‘amarelar’ com a ‘amarelinha’. Mas é importante lembrar que, há quatro anos, na África do Sul, foi ele que deu aquele soco na cabeça do Felipe Melo, impedindo que o volante afastasse a bola do segundo gol da Holanda, que eliminou o Brasil. E saiu incólume, pois o pobre Felipe virou o ‘Barbosa da vez’. Louro, boa pinta, educado e muito articulado ao falar, Júlio César _ que, registre-se, acho um excelente goleiro _ sempre foi muito ‘querido’ pela imprensa esportiva. Posso adiantar a vocês que ele vai encerrar a carreira sem que nunca falem muito na mídia sobre o isso: ser ele o goleiro que levou os sete gols da Alemanha. E assim, blindado, não conseguirá redimir Barbosa e acabar de vez com o mito de que ‘goleiros negros são ruins’. Mas justiça seja feita: o Júlio se esforçou.

Júlio César durante o jogo contra a Alemanha no Mineirão, em Belo HorizonteIvan Pacheco/VEJA.com/VEJA
  • FLA-lemanha

Fico conjecturando sobre como deve ser uma dessas reuniões que, dizem, botam 23 jogadores (e mais CBF e comissão técnica) sentados numa enorme mesa para comunicar acertos já feitos e negociar quanto cada um vai ganhar para ‘entregar a Copa’. Teria sido assim em 1998, certo? E Ronaldo Fenômeno o único a se recusar a entrar em campo, mas depois decidindo jogar desde que, quatro anos depois, fosse ele o protagonista e craque do Penta. E quais as cifras convincentes que superam os mais de 500 milhões de dólares pagos pela Fifa no Mundial? Se ‘vendemos’ a Copa, quem comprou? A Argentina? A Alemanha? A turma do ‘não vai ter Copa’? Nada disso, queridos leitores, podem anotar: foi o Flamengo!             Jamais acreditem, portanto, se daqui a dois anos, Brasil e Alemanha voltarem a se encontrar, desta vez numa final olímpica, e o resultado a nosso favor seja apontado como mais uma prova da negociata ocorrida antes do 7 x 1. Isso não é nada se comparado à ‘mudança de patamar’ que o clube carioca vai vivenciar nos próximos anos, com títulos nacionais e continentais e cofres sempre cheios pra trazer craques de qualquer time do mundo. Tudo em troca de ter autorizado os alemães a adotarem uma réplica do chamado ‘manto rubro-negro’ como uniforme oficial, seduzindo e confundindo a maior torcida do Brasil. Menos mal que os Deuses do Futebol não perdoam e, em 2022, de ‘quando’ venho, rogará duas pragas ao Flamengo:

  • Será obrigado a contratar e escalar em sua zaga David Luiz, esse mesmo que ontem saiu chorando…
  • E a repatriar um volante de nome Andreas Pereira, que numa final de Libertadores vai incorporar o espírito e o ‘estilo’ do… Fernandinho.
Klose com o uniforme rubro-negro da AlemanhaRobert Cianflone/Getty Images
  • Adidas, ‘just do it’

Na história dos Mundiais já tivemos muitos roteiros fantásticos e rocambolescos, como o bilhete de Mussolini (‘Vitória ou morte!) em 1934, que teria sido enviado aos jogadores italianos (que acabaram campeões) e também aos juízes, que optaram por seguir vivos. Teve também o “Caô de Rosário’, em 1978, naquele Argentina 6 x 0 Peru, encomendado por outro militar ditador. Ou a ‘aguinha batizada’ que os mesmos argentinos gentilmente serviram aos brasileiros no gramado da partida que nos tirou da Copa de 1990. Na derrota de ontem, que ganhará a alcunha de ‘Mineiratzen’, os boatos de maracutaia vão mais uma vez envolver marcas de material esportivo na ‘Grande Armação Internacional’. Patrocinadora de 9 das 32 Seleções do Mundial, a Adidas teria pago para que uma delas fosse a campeã e que a final fosse disputada por 22 jogadores vestindo uniforme da marca (Argentina é uma das 9). Para eliminar o Brasil, teria reservado umas doletas para outro dos seus escretes com Adidas no peito, a Colômbia, que cumpriu o acordo e tratou de tirar Neymar da Copa. E, por puro requinte de crueldade, teria exigido que fossemos eliminados num vexaminoso 7 x 1 diante de 1 bilhão de pessoas que assistiram ao jogo. Bem feito! teriam dito. Quem mandou vestir (e marcar amistosos desnecessários) com a Nike?

Se foi mesmo estratégia de marketing, deu certo. A partir dos 25 minutos de bola rolando, cinco delas já tendo balançados nossas redes, só o Twitter registrou 580 mil posts por minutos, chegando a um total de 35,6 milhões de tweets durante o jogo, alguns com imagens, e a marca Adidas, claro, lá! Daqui a quatro anos, na Rússia, a alemã Adidas será a marca oficial de 12 Seleções, quatro a mais que no atual certame. E assim vai recuperar o número atingido em 2010 e ultrapassar a Nike, que veio ao Brasil com um cliente a mais que a concorrente. Ah, já ia esquecendo: desde o ano passado, a Adidas é a marca estampada na camisa do Flamengo. E em 2022 ainda será.

Mas vamos a outros detalhes suspeitos e incriminatórios do futuro! Como se sabe, insatisfeitos com a parceria da Adidas em 1998 (quando demorou uma semana para lançar a camisa com a estrela de campeã) e 2006 (quando se recusou a produzir uniformes antes do resultado da final), a França virou casaca e foi pra Nike, em jejum de título desde o Brasil de 2002. Pois bem, aguardem o resultado e o campeão da próxima Copa, na Rússia. Só espero que outras marcas, como Puma, Umbro ou New Balance, não cresçam a ponto de querer entrar neste rodízio.

  • Memes e outras versões mirabolantes

“Se as pessoas soubessem o que aconteceu, ficariam enojadas.” Essa célebre frase, que surgiu em 1998, na derrota de 3 x 0 para os franceses, vai reaparecer a partir de hoje, atribuída a várias pessoas e não mais ao jornalista Gunther Schweitzer, que teria escrito o e-mail/denúncia sobre o suposto esquema de corrupção envolvendo o jogo. O “vocês ficariam enojados em saber” virou meme e vai se incorporar ao futebol, inclusive em outros idiomas. Um dia, inclusive, o tal ‘coleguinha’ da imprensa vai dar entrevista sobre a história. Aguardem!

E serão verdadeiros o ‘boatos’ de que o técnico alemão, Joachim Löw, pediu no intervalo que seus jogadores ‘tirassem o pé’, ou chegariam a 10 x 0 ou mais. Mas fiz questão de confirmar a veracidade dos supostos números, inclusive da FIFA, que apontarão superioridade brasileira nos 90 minutos, falando em 55 ataques do Brasil contra 34 da Alemanha e 18 chutes do time de Felipão ao gol de Neuer, quatro a mais que os alemães. Fiz o ‘scout’:

– Chutes a gol: Brasil 18 x 14 Alemanha;

– Faltas: Brasil 11 x 14 Alemanha;

– Impedimentos: Brasil 3 x 0 Alemanha;

Continua após a publicidade

– Posse de bola: Brasil 52% x 48% Alemanha

Louco isso… Mas esperar o que de uma partida em que o time toma sete gols e leva apenas um cartão amarelo?

  • Que fim levou cada jogador

Já escrevi demais, né? Já basta o Galvão repetindo: “Gol da Alemanha!” (outra frase que vai virar meme). Acho melhor parar por aqui. Só posso adiantar que, pelo andar da carruagem, disputaremos a Copa do Mundo na Rússia, em 2022, com apenas três jogadores do atual elenco do 7 x 1: Daniel Alves, Thiago Silva e Neymar justamente os que iniciaram o Mundial como titulares e ontem não entraram em campo.

Elvis não morreu!

PARA REVER LANCES GOLS DO 7 X 1

https://www.youtube.com/watch?v=7JtTgxMHDL0&ab_channel=CanalCampe%C3%A3o

 

 

FICHA TÉCNICA

BRASIL 1 X 7 ALEMANHA

Copa do Mundo

 

Local:  Estádio Mineirão, em Belo Horizonte (MG) Data: 8 de julho de 2014, terça-feira Horário: 17h (de Brasília) Árbitro: Marco Rodríguez (MEX) Assistentes: Marvin Torrentera (MEX) e Marcos Quintero (MEX)

BRASIL: Júlio César; Maicon, David Luiz, Dante e Marcelo; Luiz Gustavo e Fernandinho (Paulinho); Bernard, Oscar e Hulk (Ramires); Fred (Willian) Técnico: Luiz Felipe Scolari

ALEMANHA: Neuer; Lahm, Boateng, Hummels (Mertesacker) e Howedes; Schweinsteiger e Khedira (Draxler); Muller, Kroos e Ozil; Klose (Schurrle) Técnico: Joachim Low

Gols:  1º Tempo: Muller, aos 10’;, Klose, 22’; Kroos, 23’ e aos 25’; e Khedira, 28’ (ALE); 1º Tempo: Schurrle, aos 23’ e aos 33’; Oscar (BRA) aos 44’

Cartão amarelo: Dante (Brasil)

QUER FALAR COM O COMENTARISTA DO FUTURO? QUER CONTAR ALGUMA HISTÓRIA OU SUAS LEMBRANÇAS DESTE JOGO?

Escreva para o colunista: ocomentaristadofuturo@gmail.com 

 

 

 

 

 

 

Continua após a publicidade