O coordenador do Comitê Científico do estado de São Paulo, João Gabbardo, afirmou em entrevista à CNN que a desobrigação do uso de máscaras no estado atendeu apenas a critérios técnicos, sem influência política por parte do governador João Dória. “Seguimos os mesmos indicadores adotados durante toda a pandemia: número e evolução de casos, ocupação de leitos e, mais recentemente, o índice de vacinação.”
O uso das máscaras deixou de ser obrigatório em locais fechados na quinta-feira (17), com exceção de unidades de saúde e transporte coletivo, pouco tempo antes de Dória deixar o governo estadual para concorrer às Eleições de 2022. Candidatos com cargos no executivo devem deixar os postos até o dia 2 de abril, segundo calendário eleitoral.
“Se dependesse do governador, já teríamos liberado o uso da máscara muito antes. Conversamos sobre isso em outubro, mas o número de imunizados ainda não nos permitia tomar essa medida”, garantiu Gabbardo. “No começo do ano a Ômicron teve um impacto grande em vários países e deixou claro que estávamos corretos de ainda não desobrigar o uso da máscara”, completou.
Ainda assim, o Comitê está atento a novas variantes e explosão de novos casos em países como China e Alemanha: “se novas variantes causarem a piora desses indicadores podemos fazer novas recomendações, mas não acreditamos que isso venha a acontecer”.
“Corremos com a imunização desde o começo para voltar o mais rápido possível a essa sensação de normalidade, desobrigar o uso de máscara tem esse significado”, explicou, citando a aplicação de ao menos uma dose para 99% das pessoas com mais de 12 anos.
A decisão estadual pode ou não ser adotada pelos municípios, de acordo com indicadores e regras estabelecidos por cada um. Na capital, a máscara continuará obrigatória em táxis e transporte por aplicativos. “A autoridade municipal tem a prerrogativa de estabelecer regras que sejam mais rígidas e quando regulamentar deixar claro em que situações a mascara pode ser obrigatória.” O coordenador explicou que empresas e edifícios não podem obrigar o uso da máscara em seus ambientes caso o município não especifique essa proibição.
Doenças Respiratórias
Apesar da desobrigação do uso, Gabbardo explica que com a chegada do outono aumentam os casos de infecções respiratórias e o uso de máscaras será parte da rotina: “doenças respiratórias sempre trouxeram óbitos, infecções, elas estão aí e vao continuar existindo – o uso da mascara em determinadas situações significa diminuir o risco, e vamos incentivar isso.”
“Muito mais do que o ambiente, precisamos olhar quem são as pessoas que estão nesse ambiente, imunossuprimidos, bem como todos que apresentarem sintomas devem continuar usando máscara”, concluiu.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Liberação de máscaras em São Paulo não tem cunho político, afirma Comitê Científico no site CNN Brasil.