Casos de síndrome respiratória grave seguem em aumento em crianças, diz Fiocruz


O número de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em crianças tem apresentado aumento significativo em diversos estados brasileiros desde o mês de fevereiro, período que coincide a retomada do ano letivo.

Os dados laboratoriais analisados pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) sugerem um possível aumento nos casos associados ao vírus sincicial respiratório (VSR) na faixa etária de 0 a 4 anos e interrupção de queda nos casos associados ao novo coronavírus na faixa entre 5 e 11 anos.

O boletim do Infogripe divulgado nesta quinta-feira (17) aponta que, entre a população adulta, há uma desaceleração gradual na taxa de queda de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Os números indicam possível estabilidade, com exceção dos dados da população acima de 70 anos, que ainda apresentam queda semanal expressiva. A análise considera o período entre 6 de fevereiro e 12 de março, que corresponde à Semana Epidemiológica (SE) 10.

Segundo o coordenador do Infogripe, Marcelo Gomes, o crescimento do número de casos de síndrome respiratória grave entre crianças e adolescentes é fruto de uma combinação de fatores: o início do ano letivo, quando há maior circulação de vírus respiratórios, e a inexistência de vacina contra a Covid-19 para a faixa etária de 0 a 4 anos.

O pesquisador também destaca os baixos índices de imunização de crianças de 5 a 11 anos, o aumento na circulação de vírus respiratórios e o relaxamento das medidas de prevenção, como o uso da máscara.

“A cobertura vacinal ainda está em evolução nas crianças, diferentemente dos adultos que já estão com alta cobertura de segunda dose e reforço, em momento de maior exposição do público infantil por conta da volta às aulas”, afirma.

O documento aponta também um possível início de estabilização da síndrome respiratória em patamar similar ao registrado no final de outubro de 2021, quando houve o menor número de novos casos semanais desde o início da pandemia de Covid-19 no Brasil.

Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos de síndrome respiratória grave com resultado positivo para vírus respiratórios foi de 0,8% para Influenza A, 0,2% para Influenza B, 6,5% para VSR, e 86,7% para Covid-19. Entre os óbitos, a presença destes mesmos vírus entre os positivos foi de 0,5% para Influenza A, 0,4% para VSR, e 97,3% para Covid-19.

Panorama nos estados

Nas últimas seis semanas, três das 27 unidades federativas apresentaram sinal de crescimento de casos: Distrito Federal, Espírito Santo e Roraima. Todas as demais apresentam sinal de queda. No entanto, quatro delas apresentam sinal de crescimento nas últimas três semanas: Ceará, Maranhão, Sergipe e Tocantins.

O boletim destaca ainda que, em todas as localidades que apontam algum sinal de crescimento, os dados por faixa etária sugerem se tratar de cenário restrito à população infantil. Na população adulta se mantém sinal de queda ou estabilidade. Esse aumento de casos entre crianças também é observado em diversos dos demais estados, ainda que não se traduza em sinal de crescimento para a população em geral.

Casos de síndrome respiratória grave nas capitais

Apenas duas das 27 capitais apresentam sinal de crescimento nas últimas seis semanas: Boa Vista (RR) e Fortaleza (CE). Em outras três, se observa sinal de crescimento somente nas últimas três semanas: João Pessoa (PB), Porto Velho (RO) e Salvador (BA). Em Fortaleza, João Pessoa e Salvador os dados por faixa etária sugerem um aumento significativo concentrado entre crianças e adolescentes (0 a 9 anos e de 10 a 19 anos).

Nas demais capitais, os índices ainda são compatíveis com oscilação após interrupção de queda. Esse crescimento entre crianças também se observa em diversas das demais capitais que não apresentam sinal de crescimento para a população em geral.

Com exceção das capitais Boa Vista (RR) e Fortaleza (CE), que indicam sinal de crescimento nas últimas seis semanas, e Cuiabá (MT), Rio de Janeiro (RJ) e Vitória (ES), que apresentam sinal de estabilidade, todas as demais apresentam sinal de queda nas últimas seis semanas nessa mesma tendência.

Já a análise referente às últimas três semanas aponta para um cenário de estabilidade, sugerindo possível desaceleração ou interrupção da tendência de queda.

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