O governo de São Paulo retirou a obrigatoriedade do uso de máscaras em ambientes abertos, no último dia 9 de março. Notícia que gera discussões sobre os cuidados durante o Lollapalooza Brasil, que acontece entre os dias 25 e 27 de março e que deve receber até 100 mil pessoas por dia no Autódromo de Interlagos.
Apesar da liberação de máscaras em certas condições, o coordenador do Comitê Científico de São Paulo, João Gabbardo, destacou à CNN que as pessoas deveriam usar o item de proteção por causa da aglomeração que se forma no festival.
“O Comitê Científico estabeleceu que, em algumas situações, mesmo em ambiente ao ar livre, as máscaras são recomendadas. Uma delas, ambientes com aglomeração, o que é o caso do Lollapalooza”, afirmou.
A opinião é compartilhada pelo professor da Faculdade de Medicina da USP e ex-coordenador do Comitê, Paulo Menezes, que está otimista: “Até agora, não há nenhum sinal de mudança até a realização do festival.”
Apesar do contínuo descenso na curva de casos da variante Ômicron no estado, Gabbardo até pondera que, em um cenário ideal, o Lollapalooza aconteceria em uma data “um pouco mais para frente” neste ano. Porém, reconhece que as dificuldades logísticas de realização do evento impediriam um adiamento rápido.
O coordenador reforça que, seguidas as regras propostas para a realização de grandes eventos, a situação atual da pandemia já permite a realização do festival.
“Neste momento, a gente entende que há um certo risco, mas já existem recomendações para os eventos de grande porte. E a gente vai ter que orientar e reforçar as medidas para que sejam cumpridas”, declarou.
“Agora, a gente não tem o entendimento e nem vai se posicionar contrário à sua realização. Vamos manter aquilo que já está previsto para grandes eventos. Não vai ter uma recomendação do Comitê Científico para não realizar agora e postergar”, completou.
Recomendações para grandes eventos
O professor Paulo Menezes explicou que o Comitê Científico, ao permitir o retorno dos eventos de grande porte, estipulou que a vacinação completa (com duas doses ou dose única) deveria ser exigida na entrada. Além disso, deveria haver a recomendação para o uso de máscaras.
Foram essas as regras que orientaram a realização do Grande Prêmio São Paulo de Fórmula 1, em novembro do passado. De acordo com o Observatório de Turismo e Eventos da SPTuris, foi o maior evento na cidade até então, com 181.711 pessoas reunidas ao longo de três dias.
“É um evento realmente de enorme proporção, mas entendemos que é possível e seguro, se forem seguidas as recomendações”
Paulo Menezes
Inicialmente, o Comitê Científico também recomendava uma redução na capacidade de público do Lollapalooza, de 25% a 30%. No entanto, o professor afirma que essa recomendação se justificava no contexto de fevereiro, e “para o mês de março ela já não está mais colocada”.
Gabbardo complementou que, pelas características do festival, a redução de capacidade surtiria pouco efeito. “Em arquibancada, há a capacidade de reduzir para manter um certo distanciamento. Nesse tipo de evento, vai diminuir o número de pessoas que ficam para trás [no show]. Na frente vai continuar com a mesma aglomeração, não vai haver distanciamento”, disse.
A organização do Lollapalooza Brasil já anunciou que será necessária a comprovação de vacinação completa. Porém, inicialmente tido como obrigatório, o uso de máscaras foi flexibilizado para “recomendado”, acompanhando o anúncio do governo de São Paulo.
“Será recomendado o uso de máscara nas áreas abertas do Autódromo de Interlagos, sendo que o uso será obrigatório em ambientes fechados”, informou a organização, em comunicado, no último dia 10.
“O Lollapalooza Brasil está em contato constante com os órgãos oficiais de saúde e de segurança pública e seguirá as recomendações vigentes no momento de sua realização”, complementa o festival.
Especialistas ouvidos pela CNN recomendaram o uso de uma máscara com poder maior de filtração, dizendo que pode ser um elemento importante para a segurança dos frequentadores do Lolla.
Liberação completa?
Durante a coletiva que anunciou a liberação de máscaras ao ar livre, o governador paulista João Doria (PSDB) afirmou que “até o dia 23 de março, serão avaliados os indicadores para possivelmente anunciar uma liberação completa do uso das máscaras em todos os ambientes”.
Coordenador do Comitê Científico, Gabbardo disse que a queda nos indicadores se manteve estável nas últimas semanas, o que pode propiciar a liberação antes do Lollapalooza.
“Temos neste prazo a expectativa de liberar as máscaras nas demais situações (ambientes fechados)”, afirmou à CNN.
Esta matéria faz parte de uma série de reportagens que serão produzidas pela CNN e envolvem a primeira edição pós-Covid do Lollapalooza Brasil. Todas as produções poderão ser encontradas clicando aqui.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Apesar da liberação, é recomendado o uso de máscaras no Lollapalooza, diz Gabbardo no site CNN Brasil.