Na edição desta quarta-feira (22) do quadro Correspondente Médico, do Novo Dia, o neurocirurgião Fernando Gomes falou sobre a queda no consumo de drogas entre estudantes do ensino médio nos Estados Unidos – a maior baixa em 46 anos, segundo uma pesquisa.
O estudo realizado pela Universidade de Michigan apontou que, em 2021, a porcentagem de jovens que já havia consumido alguma droga ilícita além da maconha – produto legalizado para consumo recreativo em alguns estados norte-americanos – teve queda de 25%. A baixa é a maior desde 1975, quando a pesquisa começou a ser realizada. “Estas quedas são uma consequência involuntária da pandemia”, afirmou o professor e cientista Richard Miech, que conduziu os trabalhos.
“Entre as várias ‘interrupções’ que adolescentes tiveram ao longo da pandemia, estão a interrupção do acesso às drogas, a interrupção de consumir drogas longe dos pais e a interrupção da pressão social de colegas para que consumam drogas”, destacou.
Para Fernando Gomes, o estímulo do uso de entorpecentes no cérebro – tanto de jovens quanto de adultos – causa mudança nas percepções, interferindo no funcionamento do órgão, uma vez que os neurotransmissores passam a receber “influência direta” da substância consumida.
“Se eu interfiro na comunicação entre os neurônios, momentaneamente, enquanto a substância circula no corpo, você pode imaginar que a pessoa tem alterações”, disse.
Gomes salientou que o cérebro humano costuma ficar “pronto” aos 21 anos de idade e, portanto, o uso de qualquer produto que cause interferência no órgão é “extremamente nocivo”, deixando o usuário, na maior parte das vezes, sem controle das consequências.
“O melhor mesmo é ter uma vida saudável, distante disso tudo, para que todo nosso organismo possa se desenvolver da melhor forma possível”
O neurocirurgião comparou o uso de drogas ao de medicamentos prescritos por médicos para o tratamento de doenças, afirmando que o uso de remédios quando o paciente não possui nenhum tipo de enfermidade também pode causar dependência e um desbalanço no próprio organismo em relação à entrega dos neurotransmissores às células do corpo humano.
Em relação às consequências, Gomes salientou que as drogas podem trazer problemas para a vida toda, como a predisposição para a ansiedade e depressão, além de outros efeitos “práticos” quando a pessoa está sob efeito de alguma substância.
“Se um indivíduo não tem a maturidade formada e ele abusa do álcool e da cocaína, por exemplo, e pega um automóvel e ‘abraça’ um poste, temos uma interferência definitiva para o resto da vida.”
“Não temos controle e não conseguimos dominar o organismo de uma maneira tão perfeita a ponto de falar: ‘isso é apenas um uso recreativo, depois volte a sua vida normal’. Existe um sistema frágil que está em desenvolvimento e qualquer interferência pode ser definitiva”, concluiu.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Consumo de drogas por jovens cai nos Estados Unidos, aponta pesquisa no site CNN Brasil.