O artista muralista Eduardo Kobra foi um dos entrevistados para o especial da CNN Brasil sobre a Semana de Arte Moderna de 1922.
Com trabalhos espalhados por vários países e autor dos maiores murais de grafite do mundo – o Etnias, no Rio de janeiro, e outra obra em homenagem ao chocolate, na Rodovia Castello Branco, em São Paulo -, o paulistano conta que no início de sua carreira com street art, nos anos 1980, não entendia como o movimento modernista no Brasil iniciado anos 1920 tinha tanta influência na sua vida.
“Em 1987, eu tinha referências de muitos outros artistas, mas tive que quebrar isso em algum momento para que eu pudesse trazer mais das minhas origens, aquilo que sou, da minha história. Hoje, entendo como a Semana de 22 contribuiu para isso, de trazer à luz todas essas reflexões. Mostrou como era preciso criar o próprio caminho, desenvolver o trabalho dentro daquilo que você acredita”, diz Kobra.
Para ele, o movimento lançado por nomes como Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Anita Malfatti, Villa-Lobos, e tantos outros, mostrou que “a arte pode ser feita por todos, para todos, e de várias maneiras diferentes”.
“Posso ainda fazer um paralelo em relação ao meu trabalho, em relação à street art. Tantos e tantos lugares que cheguei para pintar, países de primeiro mundo, onde as pessoas foram contrárias, não entendiam o que estava pintando. Me chamavam de vagabundo, não entendiam a expressão”, conta, fazendo um paralelo com a Semana de 22, quando artistas foram vaiados e criticados porque o público não compreendia o que estava sendo apresentado no Theatro Municipal.
Kobra acredita que o desejo de ser moderno significava que os artistas desejavam se atualizar, buscar uma identidade e que “isso elevou o patamar das artes no Brasil de forma global”.
Além disso, a arte de rua, segundo ele, deseja “agregar um valor e transformar o lugar onde o trabalho está sendo realizado”. E o mais importante: levar a arte a todos. “A arte de rua é uma obra pública. Eu levo aquilo que eu vivi na periferia, nas comunidades. Eu não acredito na arte separada do povo.”
Confira a entrevista na íntegra no vídeo acima.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Eduardo Kobra: “Arte pode ser feita por todos, para todos, e de várias maneiras” no site CNN Brasil.