Os dados da pesquisa Ipespe divulgada nesta sexta-feira (18) reforçaram a aliados do vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), dois movimentos: a ideia de que se apresentar como candidato independente do atual governador, João Doria (PSDB); e a de que o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, é o adversário a ser batido para que ele possa avançar ao segundo turno.
Segundo interlocutores, o vice-governador não pretende abandonar Doria, mas, a partir do momento em que assumir o governo, tentará mostrar que seu estilo é distinto do atual governador. Por exemplo, mais conciliador e menos afeito ao marketing político.
A ideia é fazer com que suba nas pesquisas tentando se aproximar da aprovação do governo (em volta de 40% de ótimo e bom) e fugindo da rejeição pessoal de Doria (também na faixa de 40%). Também pretende explorar que sua carreira política começou muito antes de Doria entrar na política, ao contrário dos seus adversários que têm padrinhos (Fernando Haddad x Lula e Tarcísio x Jair Bolsonaro).
A própria escolha da vice entra nesta estratégia. A busca é por um perfil que seja discreto e não tenha relação direta com o atual governo paulista. Esse assunto, inclusive, seria debatido na noite desta sexta-feira no Palácio dos Bandeirantes entre Garcia e lideranças do União Brasil, que, junto com MDB, indicará os principais cargos da chapa: a vice e a candidatura ao Senado.
O MDB já tem pelo menos cinco nomes: os prefeitos de Jaguariúna, Gustavo Reis, e Itapetininga, Simone Marquetto, além dos secretários municipais de São Paulo Edson Aparecido (que deixaria o PSDB) e Aline Torres. Nos últimos dias, um novo movimento começou a surgir: tornar Henrique Meirelles, secretário de Fazenda do estado, em seu vice. Sua assessoria, porém, nega que esse movimento ocorrerá.
A ampla aliança em formação, inclusive com partidos que estão na base aliada de Jair Bolsonaro, como o PP, são umas das principais apostas também de Garcia para melhorar seus índices nas pesquisas. Ele também conta com o apoio de mais de 500 dos 645 prefeitos do estado e, claro, com o fato de ser um candidato estando no cargo.
Garcia assume o Palácio dos Bandeirantes no dia 2 de abril, com a saída de João Doria para a disputa nacional.
Ao mesmo tempo que buscará se descolar de Doria, Garcia tentará vincular Bolsonaro a Tarcísio, considerado seu principal adversário no primeiro turno. A ideia é fazer com que a rejeição de Bolsonaro, maior do que a de Doria no estado, cole no ministro.
Garcia, inclusive, já mapeou as concessões feitas durante sua gestão em São Paulo para confrontar uma das bandeiras que Tarcísio trará para a disputa eleitoral: as concessões realizadas em nível federal. No mapa de Garcia, desde janeiro de 2019 foram mais de 12 concessões e Parcerias Público-Privadas (PPPs), totalizando R$ 45 bilhões em investimentos. Em todo o país, o Ministério da Infraestrutura aponta que desde 2019 foram mais de R$ 89 bilhões em investimentos. Mas grande parte fora do estado de São Paulo.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Aliados de Garcia pregam descolamento de Doria após pesquisa no site CNN Brasil.