Neymar pode repetir outros craques e se aposentar cedo das Copas


O ano de 2021 tem sido bastante conturbado para Neymar. Contestado na seleção brasileira pelo vice-campeonato da Copa América diante da Argentina no Maracanã e no PSG por perder a hegemonia do Campeonato Francês e não conseguir conquistar a inédita Liga dos Campeões, o atacante brasileiro parece exausto do mundo de cobranças do futebol. Em entrevista para o documentário Neymar Jr & The Line of Kings, disponível na plataforma DAZN a partir do último domingo, 10, o atacante de 29 anos admitiu que a Copa do Mundo de 2022 pode ser a última de sua carreira.

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“Cara, acho que é minha última Copa do Mundo. Eu encaro como a minha última, porque eu não sei se terei mais condições, de cabeça, de aguentar mais futebol.” A fala de Neymar surpreendeu e levantou um debate sobre uma possível cobrança excessiva sobre atletas do futebol e também sobre a falta de longevidade de nossos craques. No Mundial de 2026, nos EUA, Canadá e México, ele terá 34 anos, a mesma idade de Lionel Messi e dois anos a menos que Cristiano Ronaldo atualmente.

Poucos jogadores brasileiros conseguiram disputar um Mundial acima dos 35 anos. O recorde até hoje é de Nilton Santos e Djalma Santos, que estiveram em campo, respectivamente, na Copa de 1962 e 1966, com 37 anos. Entre as estrelas do ataque, a maioria não superou a casa dos 30 anos. Relembre os casos:

Ronaldo (29 anos)

Ronaldo e Zinedine Zidane se cumprimentam na Copa do Mundo de 2006, na AlemanhaCELSO JUNIOR/VEJA

O Fenômeno disputou quatro Copas do Mundo. Na primeira, em 1994, aos 17 anos, não saiu do banco de reservas e foi um espectador de luxo no tetra. Em 1998, já como grande estrela do futebol mundial, brilhou ao longo do torneio, mas acabou com o vice, marcado por sua convulsão às vésperas da final contra a França. Quatro anos depois, se recuperou de uma grave lesão e foi o herói do penta com oito gols em 2002. Em sua última Copa, a de 2006, com 29 anos e já acima do peso, não evitou nova derrota para a França nas quartas de final. Em 2010, em fim de carreira pelo Corinthians, aos 33 anos, não conseguiu convencer Dunga de que poderia estar na África do Sul.

Rivaldo (30 anos)

Rivaldo, durante o penta em 2002Getty Images/VEJA

Camisa 10 do penta, Rivaldo tem em seu currículo dois Mundiais, com duas finais. Autor de três gols na Copa do Mundo de 1998, o brasileiro não pôde fazer a diferença na final, quando o Brasil foi derrotado por 3 a 0 pela França. Sob desconfiança o meia-atacante chegou para 2002 com 30 anos e foi fundamental na conquista do penta com cinco bolas na rede. Sua última partida pela seleção brasileira foi em 2003 e, aos 34 anos, ele nem sequer foi cogitado para o Mundial de 2006.

Ronaldinho (26 anos)

Ronaldinho Gaúcho é marcado por Kovac, da Croácia, na estreia do Brasil na Copa de 2006Clive Mason/Getty Images/VEJA

Meteórica é uma das melhores definições para a carreira de Ronaldinho Gaúcho. Responsável por encantar o mundo nos inícios dos anos 2000, o craque brasileiro disputou dois Mundiais. Coadjuvante de luxo no título de 2002 na edição do Japão e da Coreia do Sul, o Gaúcho decepcionou em 2006, junto a um time de estrelas, como Adriano, Ronaldo e Kaká. Já longe seu auge, apesar da pouca idade, o “Bruxo” não foi escolhido por Dunga para a Copa da África do Sul, nem por Felipão para a Copa do Mundo no Brasil, em 2014.

Kaká (28 anos)

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Kaká disputou a Copa de 2010 com problemas físicosRichard Heathcote/Getty Images/VEJA

Último brasileiro a ganhar o prêmio de melhor jogador do mundo, Kaká disputou três Copas do Mundo, mas nunca conseguiu ter o protagonismo de seu auge no Milan. Muito jovem no título mundial de 2002, o brasileiro não conseguiu superar as quartas de final em 2006 e 2010. No Mundial da Alemanha, fez parte de uma badalada seleção, que decepcionou, e no seguinte, na Copa da Africa, aos 28 anos, jogou já com lesões e pouco agregou. Para 2014, aos 32 anos, o meia até demonstrou interesse, mas não conseguiu convencer Felipão.

Romário (28 anos)

Romário comemora gol contra a Suécia, no Estádio Rose Bowl, em Los AngelesMarcos Rosa/VEJA

Pelos mais variados motivos, a Copa do Mundo só pode contar com o esplendor de Romário uma única vez, em 1994. Quatro anos antes, ele chegou lesionado ao Mundial da Itália, e só participou de um jogo, contra a Escócia. Nos EUA, ele foi o cara: campeão do mundo com cinco gols nos sete jogos disputados. Em 1998, ele formaria uma das duplas de ataque mais temidas da história do torneio com Ronaldo, mas novamente se lesionou e acabou cortado de forma polêmica. Em 2002, ainda brilhando no futebol nacional aos 36 anos, ficou de fora por escolha do técnico Luiz Felipe Scolari, com quem tinha problemas pessoais.

Zico (33 anos)

Diego Maradona, da Argentina, disputando lance com Zico, do Brasil, na Copa de 1982J. B. Scalco/Secretaria de Cultura do Amazonas

O camisa 10 da Gávea não teve sorte nos três Mundiais que disputou. Em 1978, na Argentina, o Galinho ainda não era absoluto na equipe de Claudio Coutinho e foi prejudicado por uma lesão no tornozelo durante a campanha de terceiro lugar. Na seguinte, já consolidado, foi o astro de uma equipe que, apesar do belo futebol, caiu diante da Itália na chamada “Tragédia do Sarriá”. Para a disputa do seu último mundial, em 1986, aos 33 anos, o camisa 10 tinha problemas físicos e não foi titular da equipe, e ainda saiu marcado negativamente por um pênalti perdido nas quartas de final contra a França. Em 1990, chegou a ser cogitado por Sebastião Lazaroni, mas decidiu manter a aposentadoria da seleção.

Garrincha (32 anos)

Garrincha, do Brasil durante jogo entre Brasil 1 x 3 Hungria, partida válida pela Copa do Mundo de Futebol, no Estádio Goodison Park. 1966Acervo/Placar

Estrela do Brasil em três Copas do Mundo, Garrincha é um raro caso de grande craque que foi ao Mundial com idade mais avançada. Essencial nos títulos de 1958 e 1962, o craque encantou o mundo com dribles e gols, especialmente na segunda edição, no Chile, quando o time perdeu Pelé, lesionado. Em sua última, a de 1966, na Inglaterra, quando já tinha 32 anos, Mané sofreu a sua primeira e única derrota com a camisa da seleção, o que resultou em uma eliminação precoce da competição em terras britânicas.

Pelé (29 anos)

Pelé comemora gol contra a Checoslováquia com seu famoso soco no ar, na Copa do Mundo do México-1970Lemyr Martins/Placar

O Rei parou “em alta”, com impressionantes três títulos em quatro participações. Campeão e herói em 1958, na Suécia, aos 17 anos, assistiu ao bicampeonato em 1962, lesionado, das arquibancadas no Chile. Em 1966, Pelé sofreu com a truculência dos rivais e, após a eliminação na Copa da Inglaterra, chegou a anunciar sua aposentadoria da seleção com apenas 26 anos. Acabaria voltando, felizmente, para conquistar, no auge de sua maturidade, o tricampeonato no México. Na ocasião, mesmo ainda em plena forma, o melhor jogador de todos os tempos já era visto com um veterano no grupo. Um ano depois, fez sua despedida com a amarelinha. Em 2022, Neymar terá 30 anos, um a mais que Pelé em seu momento de maior consagração.

 

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